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Construção perde 14 mil trabalhadores apesar do boom do imobiliário

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Sector voltou a perder 14 mil trabalhadores, apesar da construção de novas habitações ter atingido o valor mais alto desde 2013.
Nos anos mais agudos da crise, entre 2009 e 2014, a construção e o imobiliário perderam 38 mil empresas e mais de 260 mil trabalhadores. A atividade chegou a cair 43%. A partir de 2015, com os primeiros sinais de retoma, e até 2017, a indústria recuperou 55 mil empregos. Mas no ano passado voltou a perder mais de 14 mil trabalhadores, apesar de a construção de novas habitações ter batido o valor mais elevado deste 2013. A emigração de “milhares de trabalhadores”, o desvio de trabalhadores para áreas em grande desenvolvimento, como o turismo, e aumento da clandestinidade na construção são as razões apontadas pela AICCOPN, a associação empresarial.

A crise na construção parece ultrapassada, a ter em conta os números divulgados pelo INE esta sexta-feira. No ano passado, foram concluídas 15 mil novas casas, um aumento de 16,1% face a 2017, o “melhor registo” desde 2013. E há 55 mil projetos licenciados já em construção ou para arrancar, número “extraordinariamente importante” e que permite antecipar, diz Reis Campos, presidente da AICCOPN, que “2019 será, com certeza, um ano ainda melhor”.

Mas é urgente “regular o mercado” e arranjar soluções para os 70 a 80 mil trabalhadores que o setor tem em falta para fazer face às necessidades dos próximos anos. Só o Plano Nacional de Investimentos 2030 do Governo prevê investimentos de quase 22 mil milhões de euros em obras estratégicas para a próxima década. “Só para fazer o aeroporto do Montijo vão ser precisos 10 mil trabalhadores e não os há”, garante Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção.

Em média, saem por dia 100 trabalhadores da construção para trabalhar na Europa, onde ganham duas ou três vezes mais. O que dá qualquer coisa como 26 mil ao ano. “Se calhar, até peca por defeito. Há muitos trabalhadores sobre os quais não temos controlo. Mas esta realidade vai continuar enquanto por cá lhes pagarem o salário mínimo. Os que ganham 1200 e 1300 euros não emigram”, sublinha o sindicalista.

Albano Ribeiro alerta ainda para a entrada de “milhares de trabalhadores clandestinos” oriundos do Brasil e da Índia, uma situação que levou já a reuniões com os embaixadores dos dois países em Portugal. O sindicato vai lançar uma campanha pelo país alertando contra as redes de mão de obra ilegal de trabalhadores estrangeiros. “Vamos pedir a intervenção das autoridades e da associação patronal porque este combate à clandestinidade é de todos. Os empresários também estão a ser penalizados com esta concorrência desleal dos patrões que não cumprem com ninguém, nem com o Estado nem com os trabalhadores”.

A desregulação do mercado é também uma preocupação de Reis Campos, para quem toda e qualquer obra deveria ser comunicada às autarquias. O problema, garante, é que a desobrigação de pedido de licenciamento para pequenas obras nas habitações levou a que haja casos de reabilitações inteiras de edifícios que estão a ser feitas aos bocados e sem comunicação às autarquias. “São obras que não estão contempladas nas estatísticas do INE, que são feitas com mão de obra clandestina e com empresas que, provavelmente, nem alvará para isso têm”.

O processo de controlo oficioso e de revalidação de alvarás em curso pretende tentar corrigir esse problema. Mas não só. “Precisamos de soluções para a falta de mão de obra qualificada. Não faz sentido haver milhares de inscritos nos centros de emprego quando faltam 70 mil pessoas na construção”, desde pedreiros a carpinteiros, defende Reis Campos. “Precisamos é também de pôr os centros de formação profissional a preparar pessoas para a construção e não numa lógica meramente académica”.
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