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Antigas instalações da Secla vão dar lugar a hotel, hipermercado e fast food

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A Câmara Municipal das Caldas da Rainha aprovou no passado dia 10 o projeto de demolição das antigas instalações históricas da fábrica de cerâmica Secla, nas ruas de São João de Deus e Fernando Ponte e Sousa, para dar lugar a um hotel de três estrelas, um hipermercado com estacionamento para 156 lugares e um estabelecimento de restauração fast food. Os vereadores socialistas votaram contra, por entenderem que a memória da Secla não fica devidamente preservada, por contestarem a ocupação urbanística e por ac
Em fevereiro deste ano, os vereadores do Partido Socialista na Câmara das Caldas, Luís Patacho e Jaime Neto, tinham votado contra o pedido de informação prévia sobre a viabilidade da construção na antiga Secla I, mas o PSD aprovou, tal como agora o fez para o projeto de demolição das antigas instalações.

Os projetos previstos pela empresa Prime Unit-Construções Imobiliário Lda, com sede no Porto, preveem, segundo os vereadores, a construção de um hotel de três estrelas, da rede, com 98 quartos, um hipermercado da insígnia Continente Bom Dia, com estacionamento para 156 lugares e um estabelecimento de restauração fast food, que poderá ser um novo McDonald’s.

O promotor assumiu com a Câmara compromissos de salvaguarda da memória da Secla, nomeadamente, a manutenção da parede central do edifício, que tem o nome da fábrica, permanecendo como pórtico. Será também preservado um painel da diretora artística Hansi Stael, de valor cultural, criada uma sala de exposições da Secla no futuro fast food e decorado o hotel com elementos cerâmicos da Secla.

Contudo, os autarcas socialistas consideram as medidas insuficientes, defendendo que devia ser preservado o edifício central e construídos ateliês para exposições de cerâmica. “Não queremos que a salvaguarda do passado da Secla seja um memorial fúnebre, mas sim algo que possa desencadear um movimento cívico de defesa da memória de um património que está ligado à história das Caldas da Rainha”, manifestaram Luís Patacho e Jaime Neto, numa conferência de imprensa realizada na passada sexta-feira.

“No mínimo que se mantenham os espaços onde trabalharam milhares de funcionários e artistas ao longo dos anos”, adiantaram.
Há outros fatores que levam os vereadores do PS a estarem contra este projeto. “Discordamos de mais um hipermercado nas Caldas. É mais uma machadada no comércio tradicional e um contributo para a desertificação do centro da cidade. Criam alguns postos de trabalho assim como também retiram, mas os que criam normalmente são precários, com ordenados mínimos e grandes cargas laborais”, frisaram.

O impacto urbanístico também é contestado. “O hipermercado com 3241,50 m2 de área é um autêntico caixote que vai ser implantado. O estacionamento ao ar livre é gritante, numa zona tão nobre e sensível da cidade, quase em cima do Parque. Ao menos que fosse ao nível da cave e alguns lugares ao ar livre que restassem fossem atrás do hipermercado, para o impacto visual ser minimizado”, sustentaram.

“A área de espaços verdes apresentada de 91,70 m2 é ridiculamente pequena e deveria ser muito mais significativa”, consideraram.
Os vereadores do PS recordaram que também não apoiaram o pedido de viabilidade apresentado este ano pelo Lidl para instalação de um supermercado nas instalações fabris abandonadas da chamada Secla II, junto ao cemitério de Nossa Senhora do Pópulo, a duzentos metros da Secla I, com a previsão de um parque de estacionamento a céu aberto para 160 automóveis.
Já relativamente ao hotel de três estrelas, os socialistas entendem que “é a parte boa do projeto e nada temos a objetar”.

Câmara satisfeita

O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, explicou ao JORNAL DAS CALDAS que o promotor apresentou “um conjunto de compromissos na sequência de conversações com a autarquia, em que o tentámos convencer no sentido de ser vantajoso preservar parte da memória da Secla”.
“Aceitou comprometer-se tomar algumas medidas, quando no projeto inicial não pensava sequer nisso”, adiantou o autarca.
“Gostaríamos de mais mas temos de ser razoáveis, porque os privados são livres de tomar a iniciativa e tem de haver fundamento legal para indeferir. Por outro lado, se formos demasiado exigentes, não avançam com os equipamentos aqui e serão construídos nos concelhos vizinhos”, manifestou.
Tinta Ferreira disse que não se pode exigir que o estacionamento seja no subsolo, garantindo que “o que interessa é que o projeto paisagístico seja adequado”.

Secla, uma empresa ligada à história da cidade.

A Secla, Sociedade de Exportação e Cerâmica SA, fundada em 1947, foi escola de formação para muitos caldenses, para além de por ali terem passados artistas ilustres como Hansi Stæl, Júlio Pomar, Herculano Elias e Ferreira da Silva.
Foi uma das principais empresas empregadoras da região e o seu sucesso adveio da exportação da louça decorativa para vários países.
Chegou a laborar em simultâneo com três unidades fabris. A Secla I, a Secla II, criada em 1982, e a Secla III, esta última fundada em 1994 na zona industrial. Contou com perto de mil funcionários.
Já neste século começou a crise, devido à concorrência asiática, e a necessidade de reduzir custos por causa da falta de encomendas levou a cortes no pessoal e ao encerramento da Secla II em 2003. Na Secla I ficaram a loja e alguns serviços administrativos, e a produção concentrou-se na unidade mais moderna, que funcionou até 2008.
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Date: 13/5/2024
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