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Jorge Garcia, Especialista em Imobiliário

Compra de imóveis arrefece enquanto competição aumenta

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À subida das taxas de juro e incerteza gerada pelo programa “Mais Habitação”, o mercado imobiliário reagiu com prudência e desconfiança.
Um recente inquérito à confiança dos operadores, PHMS - Portuguese Housing Market Survey realizado pelo RICS - Royal Institution Of Chartered Surveyors, em parceria com a Confidencial Imobiliário, veio confirmar uma tendência constatada nas inúmeras conversas havidas com promotores e mediadores imobiliários no decorrer do SIL – Salão Imobiliário de Portugal: “a procura para compra de habitação, mantém a tendência de queda e as expectativas são que a situação se mantenha nos próximos meses”.

Uma contenção transversal a compradores e investidores. Por outro lado, esse arrefecimento da compra de imóveis reorientou a procura para o arrendamento. Com a diminuição da oferta os preços subiram, a par dos aumentos extraordinários de renda antecipando as medidas de controlo de rendas previstas, segundo o VII Barómetro da ALP – Associação Lisbonense de Proprietários.

Se as compras de imóveis caíram, os preços do arrendamento seguem uma trajetória ascendente. Depois de em 2022 se ter registado o maior ano de sempre em quantidade de imóveis vendidos, de acordo com INE – Instituto Nacional de Estatística, a perda de poder de compra dos potenciais compradores no mercado residencial está a influenciar negativamente as transações imobiliárias.

Com uma procura insatisfeita por insuficiente oferta, um grave problema habitacional por resolver, com a urgente necessidade de reabilitar para melhorar a eficiência energética dos edifícios, esse enorme desafio não está a revelar-se uma oportunidade. O investimento na construção em Portugal regista a maior queda desde 2014. O arrefecimento das aquisições de casa própria, a retração de promotores e investidores imobiliários aforradores devido à instabilidade legislativa, os desajustados preços nos concursos públicos e os atrasos nas obras públicas, são os principais responsáveis. Vivemos num país adiado entre a perceção objetiva e subjetiva da economia.

Se a revisão em alta do crescimento económico e a descida da inflação são boas notícias, a economia vive de expetativas. Se a indústria exportadora de bens, e particularmente o turismo, têm contribuído para esse desempenho, se o emprego está a aguentar-se embora sustentado em baixos salários e precariedade, os desafios da competitividade e sustentabilidade da nossa economia, do Bem Estar e progresso da população, estão longe de ser atingidos.

Para que o Estado social possa ser sustentável e o Estado de direito possa ser protegido, a economia portuguesa deveria estar a crescer o dobro. A resiliência dos operadores económicos, nomeadamente do setor turístico e hoteleiro e da fileira da construção e do imobiliário, continuam a comprovar que será possível.  O PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e o Portugal 2030 poderão ser instrumentos mobilizadores e do reforço da competitividade do destino Portugal.

A afirmação das especificidades locais a partir das Comunidades Intermunicipais criadoras de massa crítica, são exemplos de que é possível. Vive-se uma narrativa de dramaticidade desfasada da realidade, paralisados pela burocracia e por burocratas. Na pesada máquina estatal alimentada por estudos, ninguém quer tomar decisões. Nos bancos das escolas de gestão e administração, aprende-se no primeiro semestre que a tomada de decisão se baseia nas respostas a: para que serve? quanto custa? e quem paga? Na mediação imobiliária, também parece difícil assumir-se que se vivem enormes transformações e estar à altura dos desafios.

Menor procura no mercado residencial, menor intenção de compra internacional de imóveis para investimento e segunda residência. A maior competição não se tem refletido em maior competitividade das empresas e profissionalização dos operadores. Na maioria dos casos, continua-se a viver em negação, baseados em modelos internacionais adaptados à nossa maneira e implementados no princípio do século XX, omitindo-se que se baseiam na transparência, parceria, partilha de informação e negócios.

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Fecha: 27/9/2024
Fecha: Diaria
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