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Escassez de mão-de-obra afeta construção em Portugal

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A escassez de mão-de-obra qualificada afeta mais de 80% das empresas de construção em Portugal, atrasando projetos e elevando custos no setor.
O setor da construção em Portugal enfrenta atualmente um dos maiores desafios dos últimos anos: a escassez de mão-de-obra qualificada. Dados recentes indicam que mais de 80% das empresas do setor sentem dificuldades em recrutar trabalhadores especializados, um problema que tem vindo a agravar-se e a condicionar profundamente a atividade das construtoras no país.

Esta falta de mão-de-obra não só limita a capacidade de resposta das empresas, como também tem impactos diretos na qualidade, prazos e custos dos projetos. Muitas obras acabam por sofrer atrasos consideráveis, obrigando as empresas a rever os seus orçamentos e estratégias operacionais. A pressão aumenta ainda mais devido ao crescimento dos preços das matérias-primas, que encarecem a execução dos projetos e dificultam o planeamento financeiro.

O setor da construção civil é tradicionalmente um motor da economia portuguesa, responsável pela criação de emprego e pela dinamização de vários setores conexos, como a indústria de materiais de construção, arquitetura, engenharia e imobiliário. Contudo, o cenário atual revela um clima de incerteza, com cerca de 63% das empresas a reportarem uma atividade estável, enquanto apenas 30% preveem crescimento nos próximos meses. Esta estabilidade aparente esconde, porém, os problemas internos relacionados com a escassez de profissionais qualificados.

Um dos principais motivos para esta escassez prende-se com a redução do número de jovens que optam por ingressar no setor da construção. A profissão sofre com uma imagem menos apelativa, concorrendo com outros setores que oferecem melhores condições laborais e perspetivas de carreira. Esta tendência ameaça a sustentabilidade futura do setor, que depende de uma força de trabalho qualificada para garantir a execução rigorosa e eficiente das obras.

Além da falta de trabalhadores especializados, as construtoras enfrentam ainda outros desafios. Nos concursos públicos, é frequente a existência de preços anormalmente baixos, o que torna insustentável a atividade para muitas empresas e pode comprometer a qualidade final das obras. Para cerca de 32% das empresas do setor público, esta é uma das principais dificuldades enfrentadas, pois obriga a cortes em custos essenciais, como a contratação de mão-de-obra qualificada e a aquisição de materiais de qualidade.

Este contexto adverso tem repercussões que vão para além das empresas, atingindo o mercado imobiliário e a economia em geral. A escassez de mão-de-obra e os atrasos nas obras contribuem para um atraso na entrega de novas habitações e infraestruturas, o que limita a oferta e pode impactar os preços no mercado. Para os consumidores, significa também maior espera e potencial aumento do custo final das casas.

Para ultrapassar estas dificuldades, é fundamental que o setor da construção invista fortemente na formação e valorização dos seus profissionais. Programas de qualificação, estágios e parcerias com escolas técnicas são essenciais para atrair novos talentos e garantir uma mão-de-obra qualificada e preparada para os desafios futuros. Melhorar as condições de trabalho e reconhecer o papel essencial dos trabalhadores no desenvolvimento económico poderá também tornar o setor mais atrativo para os jovens.

Paralelamente, a adoção de novas tecnologias e métodos construtivos pode ajudar a mitigar a escassez de mão-de-obra e aumentar a eficiência. A utilização de ferramentas digitais como o BIM (Modelação da Informação da Construção), a impressão 3D, e a pré-fabricação de componentes está a revolucionar o modo como as obras são planeadas e executadas, permitindo reduzir custos, prazos e desperdícios.

A construção sustentável e inovadora é um caminho natural para o futuro do setor em Portugal, onde a qualificação dos trabalhadores e a modernização dos processos são indispensáveis para garantir a competitividade e a resiliência das empresas. A conjugação destes esforços contribuirá para um setor da construção mais forte, capaz de responder às exigências do mercado e de impulsionar o crescimento económico do país.

A falta de mão-de-obra qualificada representa hoje um dos maiores obstáculos para o desenvolvimento da construção em Portugal. O setor necessita de um esforço conjunto entre empresas, entidades formadoras e poder público para inverter esta tendência, promovendo a formação, valorização profissional e inovação tecnológica. Só assim será possível garantir a sustentabilidade e a excelência da construção portuguesa no futuro próximo.
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Data: 22/5/2025
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