
Residência universitária Avepark com futuro incerto
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A construção da residência universitária Avepark em Guimarães está suspensa, exigindo novo concurso e colocando em risco financiamento do PRR.
A residência universitária Avepark, localizada em Barco, Guimarães, deveria ser um projeto emblemático financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito do Programa Nacional de Alojamento para o Ensino Superior (PNAES). No entanto, a construção encontra-se suspensa desde maio, após acordo entre a Câmara Municipal e o Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) responsável pela obra para revogação do contrato. Esta situação coloca em risco a conclusão dentro do prazo definido pelo PRR, julho de 2026, e compromete parte do financiamento já atribuído.
O projeto da residência universitária Avepark foi idealizado para acolher estudantes do ensino superior e reforçar a oferta de alojamento estudantil na região do Ave. Num contexto nacional marcado pela escassez de quartos para estudantes, esta infraestrutura visava responder a parte da procura, oferecendo alojamento moderno, eficiente e sustentável. O edifício foi concebido pelo gabinete Pitágoras e projetado para ser um modelo de referência em termos de eficiência energética e ambiental, recorrendo a soluções modulares, madeira pré-fabricada e sistemas de baixa emissão de carbono. O objetivo era disponibilizar alojamento acessível, com baixos custos de manutenção e impacto ambiental reduzido.
O contrato de construção da residência universitária Avepark foi assinado em julho de 2023, com prazo inicial de 300 dias. Desde o início, surgiram complicações técnicas, nomeadamente pela utilização do modelo BIM (Building Information Modeling), exigindo métodos de coordenação que nem todas as entidades envolvidas dominavam. Acresceram obstáculos relacionados com a importação e custo da madeira pré-fabricada, proveniente maioritariamente de países nórdicos, que provocaram sucessivos atrasos. Em determinado momento, a construtora Lúcios da Silva Azevedo & Filhos abandonou o projeto, cedendo a sua parte à Incons, aumentando a complexidade da execução.
Com a situação a arrastar-se, a Câmara Municipal e o ACE acordaram revogar o contrato, obrigando ao lançamento de um novo concurso público para concluir a residência universitária Avepark. Todos os créditos vencidos até maio foram acordados, incluindo revisões de preços e pagamentos a subempreiteiros. O ACE comprometeu-se a deixar os trabalhos em condições seguras, permitindo que a futura construtora retome a obra sem impedimentos.
O financiamento do projeto também está sob pressão. A empreitada tinha um valor base de 13,8 milhões de euros, dos quais 6,65 milhões foram financiados pelo PRR, com a Câmara já a receber 6,29 milhões. No entanto, os custos finais poderão ascender a 18 milhões de euros, exigindo soluções financeiras adicionais para garantir a conclusão sem risco de perda do financiamento europeu.
A residência universitária Avepark é considerada uma obra de relevância estratégica para Guimarães e toda a região do Minho. Localizada no Avepark – parque científico e tecnológico – a residência integra ensino superior, inovação e desenvolvimento económico, ao mesmo tempo que responde à carência de alojamento estudantil. Além do valor educativo e económico, a obra possui relevância social, oferecendo condições dignas a centenas de jovens deslocados e contribuindo para reduzir a pressão sobre o arrendamento urbano na cidade.
O futuro da residência universitária Avepark dependerá da rapidez com que o novo concurso público seja lançado e adjudicado. O prazo do PRR impõe que a obra seja concluída até julho de 2026, tornando urgente a resolução dos problemas atuais. Apesar dos desafios financeiros e logísticos, a residência representa uma oportunidade de inovação, sustentabilidade e resposta social, consolidando-se como um projeto essencial para o desenvolvimento urbano, académico e social de Guimarães.
A residência universitária Avepark simboliza a necessidade de conjugar políticas de habitação, inovação tecnológica e apoio social. A sua conclusão permitirá não só aumentar a oferta de alojamento para estudantes, mas também reforçar a integração entre educação, investigação e desenvolvimento económico regional, demonstrando como projetos de alojamento universitário podem ser instrumentos estratégicos de crescimento sustentável e coesão social.
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